EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS

sábado, 13 de outubro de 2012

Escolas infectadas de marxismo


No Brasil, é obrigatória a freqüência dos adolescentes às escolas reconhecidas pelo Estado. Entretanto, nelas está sendo imposta uma educação de tipo socialista.
Cid Alencastro
Os regimes comunistas e assemelhados sempre tiveram empenho em transformar a mentalidade das novas gerações, a fim de que estas assimilem os princípios, doutrinas e práticas marxistas. E o lugar privilegiado para esse fim têm sido as escolas, nas quais professores esquerdistas ministram uma educação de acordo com os interesses do regime. Cuba é disso um exemplo na América Latina.
Tal programa de ação comunista desfigura evidentemente a natureza do ensino, porque a educação deve visar a reta formação do caráter e o desabrochar da personalidade do jovem, com vistas a que ele possa cumprir sua missão específica na sociedade e diante de Deus; e não impingir-lhe idéias deformantes, como as marxistas, que levam o adolescente a transformar-se num robô das planificações socialistas e a ter uma visão falseada e sectária da realidade.
Impasse marxista
Quadro do Che Guevara inspira as aulas numa escola em Varadero, Cuba
Mas, de outro lado, os esquerdistas estão diante de um problema quase insolúvel para realizar seus péssimos objetivos: as doutrinas socialistas em geral são profundamente contrárias à natureza humana, constituem uma camisa de força para o homem e a sociedade. Igualitarismo, propriedade comunitária, sociedade sem classes são fenômenos sociais monstruosos. Daí o empenho obsessivo dos regimes de esquerda numa antinatural “educação para o socialismo”.
Numa ordem religiosa, ao renunciar ao casamento e aos bens materiais por amor de Deus, as pessoas desapegam-se também de vantagens da natureza. Pode-se conceber desta forma o voto de pobreza voluntário e a renúncia a exercer algumas de suas qualidades naturais. Aí se forma uma tal ou qual igualdade, mas em vista de um bem superior, de ordem sobrenatural.
Querer impor a todos os homens de uma nação, por lei ou pela força policial, a renúncia a ter propriedade, a constituir família, queimando no altar do igualitarismo a possibilidade de desenvolver suas aptidões, é suma injustiça. Além de negar a cada um o que é seu, impede-se qualquer progresso social ou humano legítimo. É uma fábrica de revoltados e medíocres.
Reportagem elucidativa
Mostra uma reportagem da revista “Veja” (20-8-08) que, no Brasil, muitos professores e seus compêndios, com a justificativa de “incentivar a cidadania”, incutem nos alunos ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas.
Numa aula de História no Colégio Anchieta, de Porto Alegre, o professor Paulo Fioravanti pergunta: “Quem provoca o desemprego dos trabalhadores?”. Respondem os alunos: “A máquina”. Indaga, mais uma vez, o professor: “Quem são os donos das máquinas?”. E os estudantes: “Os empresários!”. É a deixa para Fioravanti encerrar com a lição de casa: “Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso”.
Há uma tendência prevalente entre os professores brasileiros de esquerdizar a cabeça das crianças. A doutrinação esquerdista é predominante em todo o sistema escolar privado e particular. É algo que os professores levam mais a sério do que o ensino das matérias em classe, conforme revela a pesquisa CNT/Sensus encomendada por “Veja”. Pobres alunos...
O advogado Miguel Nagib fundou há quatro anos, em Brasília, a ONG Escola Sem Partido,com o objetivo de chamar atenção para a ideologização do ensino na sala de aula. Nagib se incomodou com os sintomas do problema na escola particular de sua filha, então com 15 anos, onde o professor de História gostava de comparar Che Guevara a São Francisco de Assis... Foi ao colégio reclamar. Diz Nagib: “As escolas precisam ficar sabendo que muitos pais não concordam com essa visão”.
Estamos no século XXI, o comunismo destruiu a si próprio provocando miséria, assassinatos e injustiças durante o século passado. É embaraçoso que o marxismo-leninismo sobreviva em Cuba, na Coréia do Norte e nas salas de aula de escolas brasileiras, diz “Veja”.
A pesquisa
A pesquisa CNT/Sensus ouviu 3000 pessoas de 24 estados brasileiros entre pais, alunos e professores de escolas públicas e particulares. Os professores, em maior proporção, reconhecem que doutrinam mesmo as crianças, e acham que isso é sua missão principal — algo muito mais vital do que ensinar a interpretar um texto ou ser um bamba em matemática. Para 78% dos professores, o discurso engajado faz sentido.
Muitos professores brasileiros se encantam com personagens como o guerrilheiro argentino Che Guevara, que na pesquisa aparece com 86% de citações positivas, 14% de neutras; e zero, nenhum ponto negativo. Ou idolatram personagens sem contribuição efetiva à civilização ocidental, como o educador Paulo Freire, autor de um método de doutrinação esquerdista disfarçado de alfabetização.
“Eu e todos os meus colegas professores temos, sim, uma visão de esquerda — e seria impossível isso não aparecer em nossos livros. Faço esforço para mostrar o outro lado”, diz a geógrafa Sonia Castellar, que há 20 anos dá aulas na faculdade de pedagogia da Universidade de São Paulo (USP).“Reconheço o viés esquerdista nos livros e apostilas, fruto da formação marxista dos professores”, diz Miguel Cerezo, responsável pelo conteúdo publicado nas apostilas do COC (antigo “Curso Oswaldo Cruz”).
O sucesso do homeschooling
O Estado arvorar-se em educador único da juventude é imoral, uma vez que, segundo ensina a doutrina católica, a educação das crianças compete à família e à Igreja, e só subsidiariamente ao Estado. Ou seja, na melhor das hipóteses o Estado deve ser um auxiliar da família e da Igreja, quando necessário e requisitado para tal.
A infeliz situação atual do Brasil tem seu precedente na Revolução Francesa, durante a qual o sanguinário Robespierre defendia que “a pátria tem o direito de educar seus filhos; ela não pode confiar essa função ao orgulho das famílias nem aos preconceitos dos particulares” (Hippolite Taine, apud Le Livre Noir de la Révolution Française, Cerf, Paris, 2008 p. 851).
É muito salutar a prática que vem sendo adotada em vários países, de promover ou ao menos permitir a existência da chamada homeschool (algo como escola da família), em que famílias se organizam e criam suas próprias escolas para dar uma educação adequada a seus filhos. Ou então os colocam em estabelecimentos de ensino de pequenas proporções, criados para esse fim por associações nas quais os pais confiam.
De modo geral, os alunos das homeschools têm estado entre os primeiros classificados nos exames vestibulares das universidades. Exemplo característico é, nos Estados Unidos, aSaint Louis de Montfort Academy, patrocinada pela TFP norte-americana.

sábado, 6 de outubro de 2012

O boçal engajado e a máquina de devorar consciências


Abaixo, texto de Sidney Silveira, pessoa que muito admiro e que pode ser considerada como uma das mentes mais brilhantes do catolicismo no Brasil.



Sidney Silveira
A falta continuada de contato com coisas belas e elevadas mutila a alma. Os dois sintomas mais evidentes de que uma pessoa chegou a tal dramático estado são os seguintes: extasiar-se com tolices e ser indiferente ao sublime. Não raro, são sintomas concomitantes num mesmo sujeito — que se superexcita com ninharias, futilidades ou torpezas, enquanto se mostra apático diante de qualquer beleza de ordem superior. Trata-se de alguém capaz de se entediar mortalmente ouvindo uma sinfonia de Bach ou lendo um parágrafo de Vieira, ao passo que sente arrepios de entusiasmo beatífico ao ouvir uma rima bem feita cantada em ritmo sincopado.
Estamos falando de um arquétipo contemporâneo: o boçal engajado. Pessoa de espírito lânguido, em geral ávida consumidora de produtos culturais alternativos cuja esterilidade artística pode ser medida pela tola pretensão de originalidade. Não se trata, propriamente, de um iletrado ou de alguém oriundo das camadas sociais menos favorecidas. Não: o boçal engajado é homem de classe média, habitué de feiras literárias, freqüentador de bienais de livros, encontros artísticos performáticos e exposições. Tem interesse por leitura, sim, mas sem jamais arriscar-se em autores que ou exijam de sua inteligência um maior esforço abstrativo, ou fujam ao limitado universo estético-político em que se embrenhou.
É, no fundo, uma personalidade timorata que precisa apoiar-se na opinião de grupos ou facções, em meio às quais se sente encorajado a manter o dedo em riste para o mundo, sobretudo como crítico da cultura e da política. As suas convicções são, pois, tanto mais altissonantes quanto mais estejam protegidas pela coletividade a que aderiu apaixonadamente. Palavras gastas como “reacionário” e “careta” ainda são recorrentes nos lábios do boçal engajado — em geral um sujeito simpático a ideologias socialistas e que defende todos os tópicos da agenda globalista contemporânea: aborto, casamento homossexual, ecumenismo, marcha das vadias, aquecimento global, etc. E ai de quem esboçar objeções ao que ele jura de pés juntos serem convicções suas!
Em verdade, o boçal engajado nem de longe imagina ser o produto acabado da sociedade orwelliana em que nos coube viver. É, pois, um autômato a repetir slogans, palavras de ordem e conceitos produzidos pela engenharia social que se apossou da sua consciência, não obstante dando-lhe a febril ilusão de liberdade, capacidade decisória e autonomia espiritual. Neste contexto, malgrado a sua patente curiosidade — medida pela busca constante por se informar até a embriaguez acerca de coisas “interessantes”—, a imersão do boçal engajado em baladas culturais é o fiel retrato de uma candente incapacidade reflexiva, pois o padrão mental em que sucumbe está enquadrado nas bitolas pré-moldadas por certa indústria do entretenimento, voltada a públicos com pretensões vanguardistas e libertárias.
Mentalidade adubada no espírito libertino procedente dos iconoclastismos revolucionários da década de 60, ele considera verdadeiramente geniais autores como Marcuse, Lacan, Deleuze, Sartre, Paulo Freire e diversos outros conformadores das últimas gerações. Mas se porventura o inquirimos com o intuito de aquilatar o seu nível de conhecimento a respeito da obra destas ilustres figuras, constatamos não passar de leituras esparsas de pensamentos ou conceitos isolados, geralmente feitas de segunda ou terceira mão, ou seja: em livros de comentadores que repetem os “dogmas” dos seus ídolos como mantras irredutíveis a qualquer análise um pouco mais criteriosa.
Se o boçal engajado ouve, por exemplo, um lacaniano dizer que o único e verdadeiro amor de uma mãe pelo seu filho acontece quando ela morre no parto, acha isto de uma criatividade sem tamanho. Ou então se vê um sartreano proclamar que a liberdade do homem é construir o seu próprio ser, e que o “Em-si” muitas vezes decai num processo de nadificação em direção ao “Para-si”, cai fulminado de amor místico diante do Ininteligível. Tais frases são edulcoradas numa espécie de psicodélica beberagem, e depois saboreadas, sorvidas, degustadas pelo boçal engajado como um olímpico manjar. A idéia que ele faz da filosofia é, como se pode deduzir, a de doidões fumando ópio e exercitando a inebriante debilidade das suas próprias inteligências.
A irreligião do boçal engajado é um bloco de conceitos auto-referentes, contemporaneamente pinçados dos livros de um Richard Dawkins ou de um Michel Onfray, autores da moda cuja leitura, de sua parte, é tão ou mais superficial do que a que teve a oportunidade de experimentar dos gurus acima mencionados. Portanto, quando ateu, o boçal engajado é o materialista que usa o espírito para perpetrar toda sorte de negações, a ponto de ter o próprio bom senso esmagado pela massa assimétrica de idéias avulsas que, repetidas à exaustão, formam uma imagem inexpugnável em sua mente: a de que a religião é algo irracional. Imaginemos, pois, o que acontece se algum desavisado lhe mostra que uma parcela grandíssima das maiores criações humanas — na filosofia, na música, na arquitetura, na pintura, na escultura, no direito, na poesia, na ciência, etc. — provém do mais profundo espírito religioso...
O fragor de sua inépcia mental tem como invólucro um insano otimismo, sobretudo com relação à reforma política das sociedades a partir das idéias que defende — as quais, de antemão, elevou à condição de verdades universais intocáveis. Assim, com a psique emparedada em tal universo, não é tão raro o boçal engajado subir de degrau na escala da esquizofrenia e se transformar num boçal engajante, ou seja: alguém com discurso violento a arregimentar prosélitos e incautos, não raro apelando ao expediente da detração dos adversários, aos quais são aplicadas as etiquetas que ele julgar apropriadas, conforme as situações se foram apresentando.
Quando apóia campanhas de desarmamento, o boçal engajado se sente um Mahatma Gandhi redivivo a pregar a não-violência, enquanto consome e propagandeia todo tipo de filme, música ou literatura em que a violência beira o infernal, alimentando as potências superiores de sua alma — inteligência e vontade — com imagens prenhes das mais macabras e hediondas possibilidades humanas, que, expostas “artisticamente”, acabam por se difundir nas sociedades. Acontece que, como entronizou a liberdade de expressão como ditame fundamental de sua febril existência, o boçal engajado quebra lanças quando, por exemplo, alguma autoridade sensata proíbe a exibição de películas como A Serbian Film, na qual a mais inocente cena é a do estupro de um bebê que acaba de sair da barriga de sua mãe.
Em síntese, a mente deste opiniático personagem é uma selva impossível de debastar, porque foi alimentada com todo tipo de filosofias da insanidade e de estéticas surreais — em que o “belo” é uma espécie “antitranscendental” do ser, pois tem pouco ou nada a ver com a realidade das coisas e do espírito. Daí o fato de o boçal engajado não conseguir perceber, por exemplo, que uma sociedade em que nada é censurável está fadada à autodestruição; não será sequer uma “sociedade”, na acepção da palavra, mas o vale-tudo hobbesiano que acaba por deflagrar a luta de todos contra todos. Com a advertência de que, em Hobbes, este é absurdamente o estado “natural” do homem, mas na verdade tipifica o estágio em que a natureza humana se desfez quase por completo, sobrando-lhe apenas a casca de suas reais potências.
O boçal engajado é pan, metro, supra, homo, meta, pluri, hiper-sexual. Noutra palavras: a sua capacidade de protagonizar façanhas eróticas jamais vistas desde a criação do mundo é simetricamente proporcional à sua incapacidade de ordenar a mente. E isto não é uma metáfora, pois a neurociência tem mostrado o quanto a devoção à pornografia e a um erotismo exagerado causam uma pavloviana super-memória — canalizada apenas para dar vazão ao sexo transformado em vício. Resultado: a estimulação mental quase sem descanso ao sexo causa graves deficiências no córtex frontal, área do cérebro ativada quando o homem engendra raciocínios lógicos ou cognições mais complexas, toma decisões importantes, organiza seu discurso, etc.[1] Daí as freqüentes depressões, insatisfações existenciais, dificuldades de concentração, ansiedade e falta de motivação em uma pessoa com o perfil do boçal engajado, que metaforicamente ejacula o cérebro nosamsara pornográfico em que jaz.
Haveria muitas outras características a destacar a respeito deste arquetípico homem do nosso tempo, como por exemplo a sua maior propensão a ser manipulado pelas técnicas de propaganda política — tão usuais desde que o mundo se transformou uma sociedade de massas. Mas encerremos este texto apenas observando  que o boçal engajado é, fundamentalmente, a subespécie de um boçal muito mais refinado, e por isso superiormente deletério: o boçal liberal. Este último é a indômita e caótica mescla de várias idéias revolucionárias norteadoras dos séculos XX e XXI.
Entre outras coisas,  o boçal engajado é irreligioso, como acima apontamos, mas o boçal liberal é o corruptor dos princípios da religião e da civilização, com a  promessa de que, se o homem contemporâneo comer dos  frutos por ele oferecidos, será livre, autônomo, poderoso. O seu primeiro princípio é retirar Deus das sociedades, na forma da lei, defendendo que os planos material e espiritual são realidades separadas por um abismo infinito. Ora, se o homem pode governar-se autonomamente, por que também não o podem as sociedades?
Assim pensa este o sujeito que, consciente ou inconscientemente, opera a máquina de devorar consciências concebida pelo espírito maligno que — segundo dizem — reside entre o tempo e a eternidade.
E hoje atende pelo nome de 666.
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1-  Recomenda-se, para entender este mecanismo, a leitura do site Your Braind on Porn, onde há uma excelente bibliografia indicada. Nesta mesma linha, sobre o processo de estupidificação a partir das deformações da sexualidade humana, um grande amigo recomenda o livro Sexual Sabotage, de Judith Reisman.