EXTRA ECCLESIAM NULLA SALUS

quinta-feira, 30 de junho de 2011

30 Junho: Dia dos primeiros mártires do Cristianismo


Certo dia, um pavoroso incêndio reduziu Roma a cinzas. Em 19 de julho de 64, a poderosa capital virou escombros e o imperador Nero, considerado um déspota imoral e louco por alguns historiadores, viu-se acusado de ter sido o causador do sinistro. Para defender-se, acusou os cristãos, fazendo brotar um ódio contra os seguidores da fé que se espalharia pelos anos seguintes.

Nero aproveitou-se das calúnias que já cercavam a pequena e pouco conhecida comunidade hebraica que habitava Roma, formada por pacíficos cristãos. Na cabeça do povo já havia, também, contra eles, o fato de recusarem-se a participar do culto aos deuses pagãos. Aproveitando-se do desconhecimento geral sobre a religião, Nero culpou os cristãos e ordenou o massacre de todos eles.

Há registros de um sadismo feroz e inaceitável, que fez com que o povo romano, até então liberal com elação às outras religiões, passasse a repudiar violentamente os cristãos. Houve execuções de todo tipo e forma e  algumas cenas sanguinárias estimulavam os mais terríveis sentimentos humanos, provocando implacável perseguição.

Alguns adultos foram embebidos em piche e transformados em tochas humanas usadas para iluminar os jardins da colina Oppio. Em outro episódio revoltante, crianças e mulheres foram vestidas com peles de animais e jogadas no circo às feras, para serem destroçadas e devoradas por elas.

Desse modo, a crueldade se estendeu de 64 até 67, chegando a um exagero tão grande que acabou incutindo no povo um sentimento de piedade. Não havia justificativa, nem mesmo alegando razões de Estado, para tal procedimento. O ódio acabou se transformando em solidariedade.

Os apóstolos são Pedro e são Paulo foram duas das mais famosas vítimas do imperador tocador de lira, por isso a celebração dos mártires de Nero foi marcada para um dia após a data que lembra o martírio de ambos. 


Porém, como bem nos lembrou o papa Clemente, o dia de hoje é a festa de todos os mártires, que com o seu sangue sedimentaram a gloriosa Igreja Católica Apostólica Romana.

domingo, 26 de junho de 2011

Implorando a Deus a verdadeira coragem


De William Bottazzini.

Pouso Alegre, 26/06/2011.

Senhor, meu Deus, coloco-me diante de Vossa Santa presença para implorar, devido a minha fraqueza e covardia, que me conceda o dom da coragem. Mas, não da coragem humana e cega, que se converte facilmente em temeridade, mas daquela coragem e valentia que só Vós sois capaz de colocar em nossos corações. Aquela coragem que nos faz enfrentar tudo, mas, ao mesmo tempo, que nos faz temer, com toda a nossa alma, estar longe de Vós.

Concedei-me, Senhor:

Que eu não tenha medo de ficar sozinho, mas que eu tema ser rodeado por todos e estar longe de Vós;
Que eu não tenha medo de ser rejeitado, mas que eu tema preferir os aplausos dos homens aos Vossos santos ensinamentos;
Que eu não tenha medo de ser pobre, mas que eu tema abrir mão da verdadeira riqueza que se encontra em Vós;
Que eu não tenha medo de lutar por Vós, mas que eu tema preferir a paz à proclamação de Vossa verdade;
Que eu não tenha medo de morrer, mas que eu tema viver longe de Vós;
Que eu não tenha medo das enfermidades, mas que eu tema adoecer a minha alma com os falsos remédios do mundo;
Que eu não tenha medo de ser perseguido, mas que eu tema agradar mais ao mundo que a Vós;
Que eu não tenha medo de ser odiado, mas que eu tema ser amado pelos que Vos odeiam;
Que eu não tenha medo de ser acusado injustamente, mas que eu tema rejeitar a proteção de Maria Santíssima, nossa advogada;
Que eu não tenha medo de ser chamado de tolo, mas que eu tema não buscar constantemente a Vossa sabedoria;
Que eu não tenha medo de perder minha fala, mas que eu tema não estar em constante oração;
Que eu não tenha medo de perder a visão, mas que eu tema a cegueira espiritual de não querer contemplar a Vossa verdade;
Que eu não tenha medo de perder a audição, mas que eu tema fazer-me surdo ao Vosso chamado;
Que eu não tenha medo de ser encarcerado, mas que eu tema a falsa liberdade de estar fora de Vossa Santa Igreja;
Que eu não tenha medo de ser escravizado, mas que eu tema não Vos servir;
Que eu não tenha medo da fome, mas que eu tema saciar-me com o que não provenha de Vós,
Que eu não tenha medo da sede, mas que eu tema as sempre tentadoras águas do pecado;
Que eu não tenha medo de ser humilhado, mas que eu tema às vãs glórias deste mundo, que nos afastam de Vós;
Que eu não tenha medo de ser fraco, pois sei que Vós me fazeis forte ( 2 Cor 12,10).

Assim como o que teme quer afastar-se da coisa temida, assim eu quero afastar-me de tudo o que me afasta de Vós.

Concedei, Senhor, a este pecador viver e morrer por Vós, pois só é verdadeiramente corajoso aquele que teme estar separado de Vós.

Que Vosso Santo nome seja sempre glorificado,

Amém.


Fiquemos com Deus,

William

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Será que os textos da Bíblia possuem mais de um sentido? São Tomás responde!



Art. 10 — Se na Sagrada Escritura uma mesma letra tem vários sentidos: o histórico ou literal, o alegório, o tropológico ou moral e o anagógico.

(I Sent., prol., a. 5; IV, dist XXI, q.1, a.2, qa 1, ad 3; De Pot., q. 4, a. 1; Quodlib., III, q. 14, a. 1; VIII, q. 6; ad Gal., c. IV, lect. VII)
 
O décimo discute-se assim — Parece que na Sagrada Escritura, uma mesma letra não tem vários sentidos: o histórico ou literal, o alegórico, o tropológico ou moral e o anagógico.
 
1. — Pois a multiplicidade dos sentidos, num escrito, gera a confusão e o engano e obsta à segurança da argüição. Donde, não resulta nenhuma argumentação da multiplicidade de proposições, causa esta, antes, de sofismas. Ora, a Escritura Sagrada deve ser eficaz para mostrar a verdade, sem nenhuma falácia. Logo, nela não deve haver, numa mesma letra, vários sentidos.
 
2. Demais — diz Agostinho: A Escritura chamada Antigo Testamento transmite-se quadriformemente: pela história, pela etiologia, pela analogia e pela alegoria1. Ora, essas quatro formas são completamente diferentes das quatros supra enumeradas. Logo, não é admissível que a mesma letra da Escritura Sagrada se exponha nos quatro sentidos preditos.
 
3. Demais — além dos sentidos preditos, há o parabólico, não contido nos quatro.
 
Mas, em contrário, Gregório: A Sagrada Escritura, pelo modo mesmo da sua locução, transcende todas as ciências; pois, com a mesma expressão, assim narra o feito como expõe o mistério2.
 
SOLUÇÃO. — O autor da Sagrada Escritura é Deus, em cujo poder está dar significação não só às palavras, o que também o homem pode fazer, mas ainda às próprias coisas. Por isso, além do que se dá com todas as ciências, nas quais as palavras têm significação, esta ciência tem de próprio que as coisas mesmas significadas pelas palavras, por sua vez, também significam. Ora, a primeira significação, pela qual as palavras exprimem as coisas, é a do primeiro sentido, que é o histórico ou literal. E a significação pela qual as coisas expressas pelas palavras têm ainda outras significações, chama-se sentido espiritual, que se funda no literal e o supõe. Mas, este sentido espiritual tem três subdivisões. Pois, como diz o Apóstolo (Heb 7, 19), a lei antiga é figura da nova e esta, por sua vez, como diz Dionísio, o é da glória futura3; e, demais, na lei nova, as coisas feitas pelo chefe são sinais das que nós devemos fazer. Ora, quando as coisas da lei antiga significam as da nova, o sentido é alegórico; quando as realizadas em Cristo, ou nos que o que significam, são sinais das que devemos fazer, o sentido é moral; e quando significam as coisas da glória eterna, o sentido é anagógico.
 
Mas como o sentido literal é o que o autor tem em vista, e o autor da Sagrada Escritura é Deus, cuja inteligência tudo compreende simultaneamente, não há inconveniente, como diz Agostinho, se, mesmo no sentido literal, uma expressão da Sagrada Escritura tem vários sentidos4.
 
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJEÇÃO. — A multiplicidade de tais sentidos não gera o equívoco nem nenhuma outra espécie de multiplicidade; pois, como já se disse, esses sentidos se multiplicam, não por ter uma palavra muitas significações, mas porque as próprias coisas significadas pelas palavras podem ser sinais de outras coisas. Donde o não haver nenhuma confusão na Sagrada Escritura, por se fundarem todos os sentidos em um, o literal, com o qual somente se pode argumentar, e não com o sentido alegórico, como diz Agostinho5. Mas, nem por isso, nada se perde da Escritura Sagrada; pois, não há nada de necessário à fé, contido no sentido espiritual, que ela não explique manifestamente, alhures, no sentido literal.
 
RESPOSTA À SEGUNDA. — A história, a etiologia, a analogia pertencem a um mesmo sentido literal. Pois, como expôs o próprio Agostinho6, a história propõe algo pura e simplesmente; a etiologia assinala a causa de uma expressão, como quando o Senhor assinalou a causa por que Moisés deu licença de repudiar as mulheres, isto é, pela dureza do coração dos hebreus; a analogia mostra que a verdade de um passo da Escritura não repugna à de outro. Ora, dentre as quatro divisões propostas, só a alegoria abrange os três sentidos espirituais. E, assim, Hugo de São Vitor compreende, no sentido alegórico, também o anagógico, admitindo somente três sentidos: o histórico, o alegórico e o tropológico7.
 
RESPOSTA À TERCEIRA. — O sentido parabólico se contém no literal, pois as palavras têm uma significação própria e outra figurada; e nem é o sentido literal a figura, mas o figurado. Pois, quando a Escritura se refere ao braço de Deus, o sentido literal não é que, em Deus, há esse membro corpóreo, mas o que é por tal membro significado, i.e, a virtude operativa.
 
Por onde se vê que nunca pode haver falsidade no sentido literal da Escritura Sagrada.

  1. 1.De Utilitate credendi, c. 3
  2. 2.XX Moralium, c. 1
  3. 3.Ecclesiastica Hierarchia
  4. 4.XII Confessionum
  5. 5.in epistola contra Vincentium Donatistam, Ep. 93 (al. 48), c. 8
  6. 6.Loco cit in arg.
  7. 7.Sententiarum, De Scripturis et Scriptoribus sacris, c. 3

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Grupo de Estudos em Pouso Alegre


Convidamos você, que está fazendo curso superior ou que já está formado, a fazer parte do nosso grupo de estudos católicos. Vamos debater sobre temas teológicos, filosóficos e históricos. Os encontros acontecerão uma vez por mês em: 20/08; 17/09; 15/10; 12/11 e 08/12. Interessados , para maiores informações, favor entrar em contato através do e-mail: williambottazzini@yahoo.com.br.


MÊS

DIA

TEMAS

AGOSTO

20
Provas da Existência de Deus
O problema da Verdade
A Criação e a entrada do pecado no mundo.
O mundo antes de Cristo


SETEMBRO

17
A Encarnação do Verbo
Maria: mãe de todos nós.
Ensinamentos de Jesus.
A fundação da Igreja.
O sacrifício redentor


OUTUBRO

15
 O Espírito Santo
A Igreja
Os primeiros cristãos
A Bíblia

NOVEMBRO

12
Batismo
Eucaristia
Confirmação
Penitência
Unção dos Enfermos

DEZEMBRO

8
Matrimônio
Ordem



São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, rogai por nós!

William

terça-feira, 21 de junho de 2011

Fé e Obras



Será que há oposição entre   São Tiago e São Paulo  no tocante à fé e as às obras? Cf. Tg 2,24 e Ef 2, 8-10.

Não há oposição. São Paulo fala da entrada na amizade de Deus, fundamental para a salvação, que é gratuita, ou seja, não pode ser comprada com obras. Ninguém pode dizer: "Deus me ama porque eu fiz isso e aquilo!". 

São Tiago, por sua vez, trata da permanência na amizade de Deus, que também é essencial para a salvação, e que é demonstrada através das boas obras. Conforme nos ensina o próprio Jesus: "Se me amais, guardareis os meus mandamentos" (Jo 14, 15). Guardar os mandamentos é a prova que damos de que amamos verdadeiramente a Deus e de que queremos estar com Ele eternamente, ou seja, de que queremos ser salvos. Não adianta nada falar que tem fé, que ama a Deus e cometer  todo o tipo de torpezas com a consciência tranquila. As atitudes de desobediência e a falta de arrependimento mostrarão que nem o amor nem a fé são sinceros. 

Mas, mesmo sem praticar nenhuma obra e com inúmeros pecados, Deus nos ama e nos chama para Ele. Cabe a nós respondermos a esse chamado, arrependendo-nos de nossos pecados, aceitando a graça de Deus e praticando boas obras.

É por isso que não há discordância entre São Tiago e São Paulo quando tratam de Abraão. Cf. Tg 2, 23; Rm 4,3; Gl 3,6 e Gn 15,6.

Nem Tiago nem Paulo consideram a fé de Abraão como uma obra. Em ambos, Abraão foi justificado pela fé, quando não havia ainda a Lei e, destarte, não podia apresentar a Deus nenhuma obra. Abraão não “comprou” a amizade de Deus com obras. Pois, mais uma vez, ninguém pode comprar o amor de Deus.

São Paulo ainda apresenta Abraão como pai de todos os que creem em Rm 4, 1s. 

Abraão respondeu positivamente ao chamado de Deus e entrou em amizade com Ele mesmo antes da Lei, ou seja, não possuía as obras da Lei para poder justificar a graça recebida de Deus. Assim, todos os que crêem, ou seja, todos os que dizem “sim” a Deus, agem como Abraão. E esta resposta positiva deve ser traduzida pelas obras.


Fiquemos com Deus,


William